O TEMPLO MAÇÔNICO

O TEMPLO MAÇÔNICO

MAÇONARIA & ISLAMISMO

Autor: Ir.´. Julio Cesar Carvalho dos Santos

O Islamismo originou-se nas redondezas da cidade de Meca, na atual Arábia Saudita, por volta do ano 600 d.C. Naquela época, um pequeno mercador chamado Maomé relatou que, em um de seus retiros espirituais, recebeu a palavra divina através do anjo Gabriel, que lhe revelou a existên­cia de um único Deus (chamado Alá), criador do mundo e juiz de todos os homens. Disse ainda que o Paraíso só seria atingido pelos homens que amassem a esse Deus com sinceridade absoluta, a ele dirigissem suas preces diárias e praticassem a caridade por toda a vida.

Maomé realizava a pregação do islamismo especialmente no povoado em que vivia, Meca, que nessa época era o centro de cultos politeístas e para onde se dirigiam milhares de peregrinos to­dos os anos. A nova religião pregada por Maomé era monoteísta e, por isso, ameaçava essas cren­ças, pondo em risco os negócios dos comerciantes locais. Por isso, Maomé passou a ser perseguido e ameaçado de morte. Para proteger-se, fugiu para um povoado vizinho, chamado Iatrebe, onde con­quistou proteção e apoio popular. Logo conseguiu unificar e chefiar várias tribos regionais, criando um poderoso exército.

O exército de crentes formado por Maomé pas­sou a atacar caravanas que se dirigiam a Meca, en­riquecendo e ampliando seu poder. As constantes vitórias fortaleceram a unidade do grupo e chama­ram a atenção de novas tribos, facilitando a expansão do islamismo. Maomé fundou, então, o Islão, um Estado teocrático, com sede na cidade de Iatrebe, que passou a ser chamada de Medina (Cidade do Profeta). Foi a partir dessa época que o termo islamita começou a designar a pessoa que vive no Islão e segue a religião islamita, e o termo muçulmano, a significar aquele que é fiel e se submete ao islamismo.

 A relação entre Islamismo e Maçonaria sempre foi tema obscuro, delicado, polêmico, e por isso evitado por muitos autores. Quando das raras vezes abordado, os autores se restringem em citar Lojas e Obediências que existiram e existem nos países árabes e, de modo geral, param por aí. Uma postura um tanto quanto incoerente se observarmos os objetivos maçônicos da livre pesquisa da verdade, da busca pela justiça e do combate à ignorância, a intolerância e o fanatismo.
Após o triste dia de 11/09/01, muito se tem falado sobre o Islamismo, o qual teve sua imagem de certa forma manchada no mundo ocidental com o marcante incidente. Apesar dos esforços das autoridades, uma onda de intolerância e preconceito, reforçada pela ignorância, tem caído sobre o Islã e seus adeptos no Ocidente desde então.
O Islamismo não é uma religião radical. É apenas uma religião como as demais que, por ter mais de 1,5 bilhão de adeptos, possui algumas vertentes baseadas em diferentes
interpretações de diferentes passagens de seu livro sagrado, sendo que apenas uma minoria dessas é radical. 

O mesmo ocorre no Cristianismo, que também possui suas vertentes minoritárias radicais, fanáticas, baseadas em diferentes interpretações de suas sagradas escrituras. Não é toda mulher muçulmana que usa burca ou véu, assim como não é toda mulher cristã que tem cabelo até o joelho e saia até o calcanhar.

Por isso, não se pode julgar 1,5 bilhão de pessoas presentes em dezenas de países com base em grupos terroristas que agem por si próprios e sem a concordância de qualquer país ou mesmo de autoridades religiosas.
De acordo com trabalho do autor Kennyo Ismail no site O Esquadro, Vejamos o Islamismo perante a Maçonaria:
 Islã: lua e estrela


Como já esclarecido, não existe uma autoridade que fale em nome da religião muçulmana. Assim sendo, é impossível que o Islamismo seja oficialmente a favor ou contra a Maçonaria. Diferente disso, outras Igrejas já se declararam oficialmente contrárias à Maçonaria, como a Igreja Católica e algumas outras Igrejas Cristãs de menor porte. Mesmo assim, isso não impediu que muitos dos fiéis dessas, sendo homens livres e de bons costumes, ingressassem na Ordem Maçônica nos últimos séculos.
Alguns maçons podem pensar que a Maçonaria talvez seja incompatível com a fé islâmica por conta de sua simbologia. Afinal de contas, muito da Maçonaria está relacionado ao Templo de Salomão, e em muitos graus de muitos ritos vê-se símbolos como letras em hebraico, cruzes, etc. Deve-se ter em mente que existem dezenas e dezenas de ritos maçônicos, sendo que alguns têm maior influência de uma ou outra religião, cultura ou época. Assim, temos ritos maçônicos com influências católicas, protestantes, judaicas, iluministas, egípcias, muçulmanas, cavaleirescas, nacionalistas, etc.




Shriners: lua e estrela

Ainda nesse sentido, observa-se que a Maçonaria é Ordem voltada a homens livres, e essa liberdade também se refere às amarras da intolerância. Um exemplo claro é que muitos dos ritos maçônicos fazem referência a “São João”, ou aos “Santos de nome João”, enquanto que grande parte de seus adeptos são protestantes. Isso ocorre porque o maçom é homem racional, e compreende que a citação de “São João” não é questão dogmática, e sim referência histórica aos Solstícios.
Já Salomão e a construção de seu templo, tão presentes na Maçonaria, ao contrário do que muitos possam presumir, não se encontram apenas na cultura e religião judaica. Esse importante personagem e evento também estão descritos no Alcorão. Para os maometanos, Salomão era um rei dotado por Deus de toda a prudência e sabedoria, um grande profeta como todos os descendentes de Davi estariam predestinados a ser. E sua importância era tamanha que Deus ordenou que os homens e “gênios” obedecessem a suas ordens e trabalhassem na construção de seu templo e palácio.
Gênios? Que gênios?
Esse é um ponto tão interessante que mereceu esse destaque. Os gênios estão presentes na cultura árabe desde tempos imemoriais. Seriam seres criados por Deus, invisíveis, mas que possuem a habilidade de se materializarem entre os homens e realizarem feitos notáveis. Não são anjos, pois possuem o livre-arbítrio e podem ser castigados ou mesmo aprisionados. Dessas crenças surgiu o famoso “gênio da lâmpada”, tão explorado em contos infantis. Esses gênios teriam, sob as ordens de Salomão, auxiliado os homens na construção de seu templo.
As duas faces da moeda


Templários - Rito de York


A questão religiosa está presente na Maçonaria desde seu início e, apesar de não ser discutida nas Lojas, está mais em voga do que nunca. Prova disso é que, nos últimos anos, os Nobres Shriners, instituição maçônica fundada no século XIX com temática e simbologia árabe, vem discutindo sobre a redução dessa influência árabe na instituição. Em contrapartida, as históricas críticas à Ordem dos Cavaleiros Templários, último degrau do Rito de York e restrito aos maçons que professam a fé cristã, continuam mais presentes do que nunca. Qual seria o caminho ideal: a busca pela universalidade ou a promoção das diferenças?
Há uma reação geral à Maçonaria no mundo islâmico. Depois que Clemente XII excomungou a Maçonaria em 1738, sob a pressão de seus súditos cristãos e com a aprovação dos “ulemas” (teólogos islâmicos) que estavam pensando que “Se o Papa declara que os maçons são ateus, deve haver alguma verdade em suas palavras”, e o Sultão Mahmut I proibiu a Maçonaria. Desde essa data “Maçom” tornou-se sinônimo de “ateu” no Império Otomano.
A Maçonaria é proibida, em geral, nos países árabes. Houve um florescimento da Maçonaria na Argélia, antes de sua independência. A Maçonaria é proibida em todos os países árabes, exceto o Líbano e Marrocos. As lojas trabalhando nas bases americanas nesses países são uma exceção
De acordo com o trabalho do nosso Ir.’. Emerson Gonçalves da Rocha, ele sita uma lista feita por Leon Zeldis (escritor maçom Israelense) de nações de maioria islâmica que
oficialmente proibiram ou existem restrições a Maçonaria:

Afeganistão - não são permitidas Lojas
Algeria - A Maçonaria foi banida em 1965
Bangladesh - não são permitidas Lojas
Bahrein - Lojas fechadas e a Maçonaria foi banida em 1970*
Egito - que teve um florescimento da Maçonaria, com mais de 600lojas,todas fechadas em 1956.
Indonésia - A Maçonaria foi banida em 1965.
Iraque - A Maçonaria foi banida após a independência no final da2°Guera Mundial.
Irã -também teve uma maçonaria forte antes da Revolução Islâmica de1978. Muitos Maçons foram assassinados. Não são permitidas Lojas.
Jordânia - Existiam Lojas, o antigo Rei Hussein era maçom, agoranenhuma Loja em atividade.
Kuwait - as Lojas foram banidas em 1992*
Libia - não existem Lojas.
Mauritania - não existem Lojas.
Paquistão - as Lojas foram fechadas em 1980.
Arábia Saudita - não existem Lojas.*
Somália - não existem Lojas.
Sudão - as Lojas foram fechadas em 1956.
Síria - Todas as Lojas foram fechadas depois da 2°Guerra Mundial.
Tunisia - Talvez exista uma Loja Italiana.
Emirados Arabes Unidos - Não existem Lojas.*
Iemen - Não existem Lojas.
Há relatos ocasionais de lojas estabelecidas para os estrangeiros que
trabalham no país, mas fechadas pela população local.
Concluindo a pesquisa, a Maçonaria está para o muçulmano assim como está para o cristão: dependente da ausência de intolerância e fanatismo por parte do fiel, e da ausência de ignorância por parte dos demais integrantes.
A durabilidade e sucesso da Maçonaria sempre se deveu ao fato de sua união ser baseada nos pontos comuns e sua riqueza nos pontos diferentes. Enquanto os diversos Ritos, Ordens internas e Corpos aliados proporcionam ao maçom participar daquilo com que se identifica, cujos valores compartilha, todos os membros dessas instituições se sentem integrantes de uma única família, e constroem a fraternidade sobre os landmarks que tornam a todos iguais: a crença num Ser Supremo e na imortalidade da alma.
O Dr. SM Ghazanfar, professor emérito da Universidade de Idaho, escreveu em um de seus artigos que “alienantes por aqueles que são diferentes, nós acabamos nos afastando e diminuindo nossa própria humanidade”. Que a Maçonaria, essa Sublime Ordem cuja finalidade é a felicidade da humanidade, saiba renovar seu compromisso de unir os diferentes pelo que eles têm em comum




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