O TEMPLO MAÇÔNICO

O TEMPLO MAÇÔNICO

PÉ ESQUERDO: AZAR É NÃO NOTAR.

Autor: Júlio Cesar Carvalho dos Santos C.´. M.´.


Começar com pé direito é sorte!
Começar com pé esquerdo é azar?
Será?

Antes de começarmos a discussão do “Pé esquerdo”, devemos saber o por que de que o Pé direito sempre é visto como sinal de sorte, prosperidade entre outros.
A tradição de entrar em algum lugar com o pe a crença se espalhou por todo o mundo
Ao contrário do que alguns podem pensaré direito para dar sorte é de origem romana. Nas grandes celebrações em Roma, os donos das festas acreditavam que entrando com tal pé evitariam agouros na ocasião da festividade. A palavra “esquerda” é de origem latina e significa “sinistro”, daí já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. Foi a partir daí que, entrar com Pé esquerdo é um costume muito antigo, de milênios, e não possui relação alguma com o azar.
 As principais pinturas e esculturas de deuses e faraós egípcios mostram sempre o pé esquerdo à frente, enquanto as que ilustram pessoas comuns em situações do cotidiano mostram o pé direito. Trata-se de uma coincidência? Não.



 O passo com o pé esquerdo era considerado pelos egípcios como símbolo do “primeiro passo” para uma nova vida. Por isso, era com o pé esquerdo que o faraó dava seu primeiro passo após sua posse. Também por isso que as escadas eram feitas com degraus em número ímpar, de forma a ser possível iniciar e encerrar a subida com o pé esquerdo.
 Essa tradição foi herdada posteriormente pelos gregos, como também se pode ver estampada em sua arte.



Por que o esquerdo, e não o direito? Os egípcios acreditavam que o lado esquerdo era o lado espiritual, enquanto que o lado direito era o lado material. Por esse motivo, as coisas tidas como sagradas eram feitas com o pé e mão esquerda.
Esse simbolismo do primeiro passo, um passo espiritual para uma nova vida, continuou sendo observado nas instituições tradicionais, principalmente em suas cerimônias de iniciação, incluindo a Maçonaria.
“Rompendo a Marcha” O costume também foi incorporado pelos antigos exércitos, que davam o primeiro passo de suas marchas com o pé esquerdo como um sinal de sorte para a batalha.
Direita volver e Esquerda volver, sempre se inicia com o pé esquerdo levantado preparado para a marcha.




Com o tempo, o costume se tornou regra, mas perdeu sua simbologia. Daí então, as famosas “Lojas Militares”, responsáveis pelo surgimento das primeiras Lojas Maçônicas nas então “Colônias”, acostumados ao primeiro passo esquerdo não somente em Loja, mas também fora dela, incorporaram às suas Lojas a prática e o termo militar “romper a marcha com o pé esquerdo”. Foi assim também que o maçom, que tinha “passos”, passou a ter “marchas”.

Na Maçonaria a entrada e marçha na prática ritualística varia de rito para rito, mas sua representação é quase sempre idêntica. Segundo Nicola Aslan, em seu “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”, “A posição dos pés na marcha dos vários Graus é de grande importância, pois, por ele, um Maçom experimentado pode descobrir os Graus de instrução maçônica de um visitante que se apresente em uma Loja. Esta posição tem um simbolismo especial explicado nas recepções dos vários Graus.”
Na maioria dos rituais, rompimento da marcha se dá com o pé esquerdo. Assim o é no REAA e no de YORK, por exemplo; já no RITO ADONHIRAMITA e no FRANCÊS (ou MODERNO), o rompimento da marcha se dá com o pé direito.
Na Câmara de Reflexões, o desnudamento do pé esquerdo significa um despojo voluntário da insensibilidade moral, que impede a prática da virtude; indica a faculdade do discernimento que devemos usar em cada passo do nosso caminho, nos quais podemos tropeçar.
Na Maçonaria Simbólica, os três graus têm marchas diferentes. No REAA, a posição dos pés – em esquadria – sempre respeita o ângulo de 90º, com o pé esquerdo à frente e o direito apontado para a direita. E a circulação dentro dos templos sempre se dá da
esquerda para a direita (*há exceção da retrogradação em determinada viagem de determinado grau).

 Não devemos ter possíveis conclusões supersticiosas, uma vez que o maçom embora se dedique ao estudo esotérico ou mesmo espiritualista, não deve um ser supersticioso.

 Não devemos ver o pé direito e o pé esquerdo como sinal de positivo e negativo  ou bom ou ruim, mas sim, como polaridades que se completam, pois uma sem a outra não se realiza. O lado esquerdo é a matéria e o lado direito, o espírito. Acreditamos que ambas as correntes que “credenciaram” ora o pé esquerdo, ora o pé direito como preponderantes no rompimento da marcha têm bons motivos para o fazê-lo, mas que, de acordo com a maioria das opiniões, constata-se a preponderância na utilização do pé esquerdo na Maçonaria. Conhecer toda essas e, no entanto, só faz enriquecer nossas virtudes maçônicas.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA.


Autor: Ir.´. Dilson C. A. de Azevedo


Ciência é o“conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação a experiência dos fatos e um método próprio “ (J. I Girardi).
          Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos, houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.
          Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado através de uma radiação de fundo resultante do que aconteceu, e micro-ondas cósmicas.
          O Universo assim surgido está composto de:
1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do Universo.
2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. Não se conhece sua composição.
3º) Matéria comum, atômica (5%).
De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e energia são dois estados diferentes de uma mesma substância quântica universal.
          A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e característicos nos sistemas físicos”.
          Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos Negros (região do espaço do qual nada pode escapar), Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons) Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma estrela, e fonte de energia eletromagnética).
O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se distanciando uma das outras no mesmo tempo.
          Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100 bilhões de estrelas.
          Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.


          O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço conhecido e se move a 240 Km/seg e leva cerca de 250 milhões de anos para percorrer a órbita da Galáxia.
          Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.
          A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por hora (30 Km/segundo) e ao mesmo tempo executa um movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca de 1610 Km/hora. Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o surgimento do fenômeno Vida.
          A matéria comum do Universo é composta de partículas denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando um minúsculo Sistema Solar.
          Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido por 18 zeros).
Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons (apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).
          Entretanto com o avanço científico, foram descobertas inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions, neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc, etc, etc.
          Você é constituído por trilhões de átomos, que formam moléculas, as quais formam proteínas, que formam células (unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas (grupos de órgãos) os quais formam você.
          Entretanto Você é mais do que tudo isso. Seu corpo poderia ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia localizar a Essência que que sabemos ser Você.
          1012  Átomos (renovados totalmente cada 2 anos e meio) → 1016 Células → Homem
          Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma Causa. Pode-se também nele perceber um propósito, um objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.
          A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos anteriormente. Outras fontes porém nos deram uma nova visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.
          Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar esse Absoluto Ilimitado.
          Ele pode cientificamente ser entendido como “um campo não local de energia (força ativada) e informação com circuitos de retorno cibernéticos e autorreferentes”.
          A existência deste “Invisível Evidente”, foi defendida por um Irmão nosso, Benjamin Franklin (1706 – 1790, estadista e cientista, inventor do para-raios), com as seguintes palavras: “Achar que o mundo não tem Criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão em uma tipografia”.
          Assim como o Universo que evoluiu desde um Caos a um Estado de Ordem e Harmonia, os Seres Humanos (ápice da Evolução Biológica) passaram de uma barbárie inicial a Criação de uma Elite de Homens Livres e de Bons Costumes, buscando a Fraternidade, cultivando o Sagrado e a Espiritualidade, e reunidos em uma Organização denominada Maçonaria.
          Através de Alegorias, esta Ordem leva seus Membros a refletir nas vantagens de um aprimoramento moral.
          Cultivando a Tolerância, respeito às Opiniões e Religiões, praticando a Bondade, a Sinceridade, a Coragem, a Perseverança, o Maçom, ao se dirigir ao Supremo Poder, com certeza não terá as mãos manchadas com o sangue dos seus semelhantes, nem a mente repleta de egoísmo e preconceitos.
          Poderá assim, afirmar para si mesmo, algo que lembra um Salmo Bíblico (Nº 26):

Meus pés estão firmes, em um caminho reto.





“Faci quod potui
facian meliora
potentes”

...ENTRANDO NA MAÇONARIA.

Autor: E. Figueiredo

(Vale a pena abrir mão da “qualidade” em nome da “quantidade”?)




Estamos vivendo num mundo onde tudo está acontecendo com rapidez jamais vista.  Invenções utilizando tecnologia avançada permitem realizarmos várias coisas (nosso trabalho, nossas tarefas cotidianas) em tempo restrito e com qualidade.  As expressões, que as empresas passaram a utilizar há alguns anos, principalmente as multinacionais, “qualidade total”, “controle de qualidade“, e outras, acabaram tendo aplicação não só no campo profissional, mas, também, abrangendo diferentes áreas de atuação.

Essa tecnologia, que vem transformando o nosso planeta Terra, chegou também à Sublime Ordem.  Assim é que “qualidade total” e “controle de qualidade” passassem a ser termos empregados pelos seus integrantes.  E não poderia ser diferente, pois os Maçons convivem com os avanços tecnológicos nos locais de trabalho, cuja experiência, indubitavelmente, é transportada para o interior dos Templos. 

Há aqueles, os quais interpretam como uma profanação à tradição Maçônica, que não vêem isso com bons olhos, entretanto, não poderão negar o lado positivo, que é a consciência de que as coisas na Arte Real merecem ser preparadas e cuidadas com carinho, seriedade e não de qualquer maneira, além de acompanhar a evolução que a Humanidade assiste.  A Maçonaria precisa, também, de pessoas de “qualidade” que expressem sua condição de livre e de bons costumes, cumpridores de suas obrigações junto à família e à sociedade, com um testemunho coerente de vida.


A despeito da Ordem se ver na necessidade de servir, com maior atenção possível, prestando assistência às pessoas, devemos ter o cuidado de não pensar que a Maçonaria é simples empresa de prestação de serviços, como muitos assim a interpretam.  A Maçonaria, como reza em sua declaração de princípios, tem por objetivo lutar contra a ignorância sob todas as formas;  é uma escola mútua cujo programa se resume em:  obedecer às leis do seu país, viver segundo a honra, praticar a justiça, amar o seu semelhante, trabalhar sem descanso para a felicidade da Humanidade e prosseguir a sua emancipação progressiva e pacífica.  A Maçonaria não é como um produto qualquer, que pode ser comprado ou consumido;  ela é formada por pessoas que se esforçam, a cada dia, para fazer cumprir esses princípios, sob os quais fizeram juramento.  E é por isso que, nem sempre a “qualidade“ atende às exigências de quem a vê de fora.


Muitos Maçons crêem que é necessário restringir a quantidade de Obreiros em nome da qualidade.  Como em qualquer comunidade, seus integrantes têm formas diferentes de ver a situação, o que tem provocado divergências quanto à interpretação dos conceitos da Ordem.  Nos debates, discussões e palestras, que as Lojas promovem, têm aparecido as expressões “qualidade total” e “controle de qualidade” como menção para que seja mais acurada a escolha do candidato.  Saber aproveitar-se da tecnologia é ter coragem de buscar novos métodos para o bem da Ordem e do seu aperfeiçoamento.

A preocupação tem razão de ser, pois a escolha de um candidato para adentrar à Ordem, poder-se-ia dizer, é tão importante como respirar para viver.  São os escolhidos que dão continuidade à Instituição.

A amizade, a posição social, o modo de vida, o parentesco e o relacionamento profissional são algumas das condições que devem ser consideradas, porém, não imperativas na admissão de um novo membro.  Um amigo ou um parente por mais íntimo que seja, pode merecer toda consideração como tal,  todavia, não ser digno de que depositem nele a confiança necessária para ser candidato a Maçom.  Deve-se entender, entretanto, que por melhor que seja estabelecido um procedimento de escolha, com “qualidade total” e “controle de qualidade”, sempre estaremos vulneráveis, e, com possibilidade de receber quem se desviou desse critério.  É aí que deve entrar a catequese por aqueles que são considerados “enquadrados” para fazer o Obreiro, que não se identifica com os princípios, a ter melhor participação e desempenho e captar em profundidade as regras da Maçonaria.

Os que já fazem parte da Maçonaria não podem se fechar em grupos, julgando-se os melhores, e, muito menos, manifestarem com ambigüidade deliberada – a exemplo de mensagem diplomática – quando há necessidade constante de se optar pela integridade da Ordem.  Devem, sim, estar abertos para acolher todos os que foram chamados a participar da Sublime Ordem, cada um a seu modo, independentemente se foi uma boa ou má escolha.  Após a admissão deve ser acompanhado com atenção, responsabilidade e carinho, assistência está suplementada com farta literatura Maçônica, para que tenha conhecimento exato da entidade em que ingressou.  É necessário ensinar a desbastar a pedra bruta com poucas ou muitas pessoas, através de Maçons que já têm boa caminhada, orientando como manusear, corretamente, o maço e o cinzel.  Os mestres estão incumbidos de fazer surgir, no espírito do neófito, alguma chama que permita abrir novos horizontes.  É a missão que cabe aos mestres executar, isto é, ensinar-lhe o sentido de ação.  Além do mais, o fato de pôr de lado uma obrigação presumida, não dá direito a nenhum mestre Maçom de abandonar, indefinidamente, uma obrigação inerente.  Não deixa de ser uma forma de se tentar corrigir uma possível escolha errônea.  Por analogia, seria podar a árvore para que dê bons frutos.  Assim encarada, a Maçonaria nunca será considerada uma simples agremiação ou mera espécie de clube social, mas como uma das vias da sabedoria universal e uma verdadeira escola de iniciação.

Apregoar, como fazem alguns Maçons, de que a porta de entrada da Maçonaria deva ser estreitíssima, e, a de saída, a maior possível, é uma forma simplista de tentar resolver o problema.  A busca, de se encontrar o homem de real valor moral e intelectual, nem sempre é conseguida, porém, claro está, a preocupação na seleção deve prevalecer sem ser negligenciada, sob o risco de surgirem problemas, motivados por má escolha, quem sabe, insolúveis.

O importante é ter em mente:  Se o Obreiro entrou na Maçonaria, cabe a nós fazermos com que a Maçonaria entre nele....




(*) E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao
                        CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/
                           Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/
                              Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/
                                 Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)










HOMENAGEM


LANDMARKS


Autor: Ir.´. Alfredo Vicente Terçaroli Ramos
(membro ativo da ARLS Verdadeiros Irmãos, 669)


As leis naturais são imutáveis, perfeitas, e valem em qualquer tempo e lugar. Seja lá qual for a crença pessoal de cada um, é praticamente consenso e bom senso que “alguém” é o responsável por toda a criação e este “alguém” possui todas as perfeições e nenhum defeito. Consequentemente, tudo que Ele/Ela criar também estará sujeito a toda esta perfeição.
O Criador não somente produziu o universo como também todas as perfeitas leis que regem tudo que aqui se passa. Essas são as “Leis naturais”, perfeitas, independentes e inexoráveis. Elas valem em todo tempo e lugar, sem necessidade de correções e ajustes.

Em contrapartida às leis naturais, e como pálido espelho delas, existem as “Leis humanas”, criadas pelo homem para regular a vida em sociedade. Já que estamos condenados à vida gregária, é fundamental que existam normas e regulamentos para reger as relações entre os Homens, a fim de evitar conflitos e permitir a coexistência de maneira pacífica e construtiva. Se assim não fosse, seria simplesmente a lei do mais forte e ainda estaríamos numa fase selvagem da nossa evolução.

Porém, diferentemente das leis naturais, as leis humanas são mutáveis e tem que ir se ajustando à própria evolução da sociedade. A medida em que o homem evolui os seus usos e costumes, as suas regulamentações também vão se moldando a este novo padrão evolutivo a fim de acomodar e ajustar a estas novas práticas. Por isso, de tempos em tempos, a sociedade tem que fazer um novo pacto de convivência e atualizar as suas leis.

Isso é natural e desejável.


Se assim não fosse, ainda haveria escravidão, as mulheres não teriam direito de votar, a América do sul ainda estaria dividida pelo tratado de Tordesilhas e outras bizarrices que, na sua época eram lógicas e razoáveis, mas que hoje simplesmente soam como absurdas.

As leis se modificam e se atualizam à medida que a sociedade evolui.

A Maçonaria é uma sociedade de homens. Portanto, ela esta sujeita às mesmas condições de qualquer outra sociedade humana.
As leis maçônicas forçosamente tem que evoluir e se acomodarem aos novos tempos.

O bom senso, a lógica e a razão assim o ditam.

Porém, a própria maçonaria acabou se colocando numa armadilha, pois definiu que o seu conjunto de leis básicas chamado de “Landmarks” são imutáveis.

Quando se estabeleceu os tais Landmarks há alguns séculos, não se levou em conta que a evolução natural da sociedade e a consequente necessidade de acomodar as leis intestinas à esta nova realidade.

É evidente que uma entidade milenar como a maçonaria tem que ter uma base doutrinária, filosófica e organizacional muito forte, sólida e consistente, pois se assim não fosse não poderia resistir à passagem do tempo e certamente já teria sido extinta. Dai, pode-se compreender a intenção dos codificadores da legislação maçônica em criar um código de leis rígido, que não pudesse estar sujeito a modismos, vaidades e caprichos pessoais dos dirigentes maçônicos.
Porém entre cláusulas rígidas e cláusulas imutáveis há uma diferença abissal.
Insistir em leis imutáveis é praticamente condenar a maçonaria á implosão ou a hipocrisia, pois a medida que algumas cláusulas dos Landmarks forem se tornando impraticáveis, os maçons simplesmente irão parar de segui-las, mesmo sem anunciar publicamente.

E qual a solução para isso ?

Os grandes dirigentes maçônicos tem que se reunir e admitir que isso precisa ser mudado. De alguma forma eles tem que, com o respaldo de toda a comunidade maçônica,  estabelecer um mecanismo de revisão periódica dos Landmarks, a fim de acomoda-los à nova realidade e à nova moral.
Evidentemente isso não pode ser uma coisa banal, e os mecanismos de revisão dos Landmarks tem que ser rígidos, amplos e complexos, para evitar casuísmos e oportunismos. Porém não se pode ficar como está, sob pena de esvaziar completamente a verve maçônica, pois ninguém terá coragem de defender cláusulas tão anacrônicas e fora de propósito.
Em tempo, é evidente que não se quer virar a maçonaria do avesso e nem se mudar tudo. Basta somente AJUSTAR os Landmarks à nossa nova realidade, mantendo os princípios e a razão de ser da entidade.

Abraham Lincoln disse, muito sabiamente, que não há nada mais poderoso do que uma ideia cuja hora tenha chegado.


Pois agora é uma hora tão boa quanto qualquer outra para a  maçonaria incorporar algumas novas ideias no âmago da sua essência, revisando os Landmarks.

ANIVERSÁRIO DA LOJA





Completamos oito anos de existência e contemplamos com orgulho o constante crescimento da nossa Loja.
Éramos um pequeno grupo de irmãos que sonhava com uma Loja quase perfeita, onde pudéssemos colocar realmente em prática tudo aquilo que a Maçonaria nos ensina. Daí escolhermos o nome “Verdadeiros Irmãos”.
Este nome para nós tem um significado especial, pois nos mostra a todo instante, que devemos policiar as nossas atitudes e cuidar do aprimoramento do nosso Templo interior, honrando o nome da nossa Loja.
Como verdadeiros irmãos, pretendemos cada vez mais, unidos, prosseguirmos na nossa empreitada e pedimos que o G\A\D\U\nos ilumine e nos proteja das nossas imperfeições concedendo uma vida longa e profícua a ARLS Verdadeiros Irmãos, 669.


HUMILDADE E VAIDADE.

*Autores: E. Figueiredo & Caio R. Reis



O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade. 
                             Ernest Hemingway (1899-1961)
A falsa modéstia é o último requinte da vaidade. 
                            Jean de La Bruyère (1645-1696

“SIC TRANSIT GLORIA MUNDI !” (Como são passageiras as glórias do mundo !).  Esta frase dita pelo Venerável Mestre é o ponto alto de uma Iniciação Maçônica.  Ela encerra uma das maiores verdades e que quase sempre é ignorada por todos nós.  Julgamos-nos eternos e pouco fazemos para vencer as nossas paixões. Os cargos, o poder e a vaidade nos impedem muitas vezes de aparar a pedra bruta que somos, e, esquecemos então um dos princípios mais importantes da Maçonaria que é a humildade.

Já, como neófito, lhe é dito que ele acabou de morrer para a vida profana (Era Vulgar) e renasceu para a Verdadeira Luz.  Isso quer dizer que tudo que o aviltava, quando profano, deverá ser desvestido, inclusive a VAIDADE.  E, tudo que lhe faltava como virtudes, deverá ser incorporado, inclusive a HUMILDADE.  Uma vez Iniciado, o postulante torna-se Maçom, e, como tal, estará sob vigilância de sua própria consciência e dos demais Maçons. 
Comandado pelo Venerável Mestre a Loja dará guarida ao novo Irmão orientando e ensinando o caminho a ser trilhado, agora como Maçom, imbuído de humildade e destituído de ostentação.

A figura do Venerável Mestre, dos Luzes ou de qualquer outra autoridade, em uma Loja Maçônica, reflete sempre a bondade e as suas ações que são comparadas as de um pai que aconselha o filho ou do irmão mais velho que o protege.  É por essa razão que a joia do Venerável Mestre (o esquadro) tem um significado tão profundo para todos nós, pois ela representa a retidão das suas atitudes além da confiança que todos os irmãos nele depositam.  Em nosso meio não há lugar para jactância do mundo profano. Aquele Maçom que por ventura não se enquadre dentro dessas normas irá se sentir deslocado e, mais cedo ou mais tarde, perceberá que está no lugar errado.

Ser humilde significa seguir essa postura e quando perguntado: “Que vindes fazer aqui ?” , responder com convicção e com orgulho: “ Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria !”

Aquele Maçom que se deixa contaminar pelo sonho passageiro de poder, seja na vida profana ou até mesmo dentro da Ordem infelizmente não entendeu a beleza e a profundidade dos nossos ensinamentos.

Conta-se o caso que no México, há muitos anos, um Maçom foi condenado injustamente à morte. O caso teve grande repercussão dentro e fora da Maçonaria. O Presidente do México era Maçom e um dia estando em Loja, ocupando o humilde cargo de Guarda do Templo ouviu quando os Maçons indignados discutiam a condenação do Irmão. Foi então que um dos presentes sugeriu que o Presidente do México poderia comutar a pena do referido Irmão.
Argüido pelo Venerável Mestre a resposta foi a seguinte:

___“Venerável Mestre este guarda do Templo que vos fala nada pode fazer, mas se o Venerável permitir a minha saída, quem sabe o Presidente do México possa fazê-lo !”

O Irmão condenado foi salvo. Esta pequena narrativa mostra, primeiro, aquilo que dizíamos anteriormente que a Maçonaria nivela a todos sem distinções de cargos e de títulos;  e, em segundo lugar,  a humildade do Presidente do México que sem dúvida entendeu muito bem a frase “sic transit gloria mundi”.

Ser humilde é desbastar esta pedra bruta que somos e com tolerância, bondade e amor tratar não só os seus irmãos, mas também aqueles com os quais convive na vida profana. Não somos perfeitos e assim sendo, dentro da Maçonaria, encontraremos exemplos de irmãos que por sua postura e pelas suas atitudes são exemplos a serem seguidos, todavia outros existirão que mesmo tendo chegado aos graus mais elevados da Ordem parece que nada entenderam e continuam pedras brutas a serem lapidadas.

Devemos ter sempre em mente que a Maçonaria é perfeita nos seus ensinamentos e naquilo que tenta modificar dentro de cada um de nós, porém nem todos os Maçons entendem desta forma e alguns permitem que o falso brilho das coisas possa ofuscar estas verdades.

Pior que a falta de humildade é a vaidade. 

O Maçom tem o dever de constantemente policiar os seus procedimentos para evitar que a vaidade possa fazê-lo esquecer dos ensinamentos recebidos, que somos todos iguais e que na Maçonaria não existem distinções de títulos e de cargos.

A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si.  Nos dicionários, soberba, orgulho, arrogância são palavras muito próximas de vaidade.  Homens tomados por esses sentimentos são os que olham para si como dignos de admiração pelos outros.  Imaginam que estão acima das demais pessoas.

Infelizmente, muitos Maçons não conseguem se desvencilhar desse vício, pavoneando sua condição de algum cargo recebido, por menor que seja, exigindo tapete vermelho e deixando ao largo a modéstia.

Ainda bem que esses tipos são poucos.....

* E. Figueiredo & Caio R. Reis são Maçons Eméritos e obreiros da ARLS Verdadeiros Irmãos, 669.

CONSIDERAÇÕES A UM NEÓFITO

Autor: Dilson C. A. Azevedo (*)

(Recém Iniciado)


PARABÉNS, IRMÃO!

Seja bem-vindo à uma das mais antigas fraternidades iniciáticas do mundo, a qual esteve sempre, discretamente, presente nos importantes momentos históricos da Humanidade e permanentemente, ajudando a sociedade ter evolução positiva. Isso tem sido uma tarefa árdua, pois as forças involutivas tentam, a todo custo, e com diversas “armas”, impedir qualquer progresso contra a mediocridade reinante, e o panorama sombrio da conduta humana no Mundo.

Saiba, porém, que o seu maior inimigo poderá ser você mesmo, caso não se empenhe ou deixe de incorporar os altos valores que a nossa Ordem defende.

Agora, sobre sua pessoa, repousam a honra e a responsabilidade da Maçonaria definida, classificamente, como “Corpo institucional de busca permanente da verdade e sistema de moralidade ilustrado por símbolos e velado por alegorias.”

Lembre-se sempre, em sua participação, do que falou Confúcio (551-479 a.C) filósofo chinês:

“Para onde quer que vá, vá de todo coração!”

As orientações a seguir destinam-se a tornar seu caminho iniciático mais fácil e prazeroso em busca da verdade, de sua origem, de quem você é e para onde está indo.

ENTRADA E CONDUTA NO TEMPLO MAÇÔNICO


O Aprendiz, mantendo uma reverência profunda, deixando de lado problemas do mundo profano, ingressa no Templo em primeiro lugar e coloca-se no Ocidente, na Coluna do Norte, região à esquerda da porta de entrada, onde permanecerá em silêncio, sentado com a coluna vertebral ereta, mãos sobre os joelhos, pés descruzados. Falará apenas quando a fala lhe for permitida, batendo palmas, ficando de pé e à Ordem, cumprimentando a seguir as autoridades e participantes da Sessão Maçônica.

Ao falar deve respeitar o tempo regimental, não comentar tema fora da etapa em que se encontra, não abordar política e religião, não realizar pronunciamentos enfadonhos nem muito longos e prolixos; não demonstrar postura de superioridade e lembrar-se que o Templo é local sagrado e simbólico.

Ocorrendo algo que o impeça de continuar participando da cerimônia, proceder da seguinte forma:

Pedir permissão ao Vigilante da sua coluna para poder ausentar-se, depositar o óbolo no Tronco de Solidariedade, prestar juramento de sigilo, entre as colunas J e B. Ter sempre presente em sua participação a tríade ”Ver, Ouvir e Calar!”.

(*) Dilson C.A. Azevedo é fundador e presidente do
 GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos.


CERIMÔNIA MAGNA DE INICIAÇÃO

A ARLS Verdadeiros Irmãos, 669 no dia 1 de abril de 2015, procedeu em seu Templo a iniciação de 
Luiz Roberto Arouca Doria de Barros.

A Sessão transcorreu dentro da nossa ritualística, prestigiada por um grande número de irmãos visitantes e o novo irmão foi recebido com muito carinho e alegria por todos os membros do quadro.

Abaixo algumas fotos ilustrativas da cerimônia:



CIMENTO MÍSTICO


Autor: E. Figueiredo





Não sabeis vós que sois templo de Deus,
e que o espírito de Deus mora em vós ?
                                           I Cor 3:16

As Lojas Maçônicas são a insígnia viva de comunhão em que o Homem vive uma experiência interior ímpar alimentada por símbolos.  Por meio do simbolismo, a Sublime Ordem apresenta-se como uma das vias de pesquisa do conhecimento, vias essas que não se opõem à nenhuma religião ou fé religiosa.  A arte de construir o Templo é o escopo maior dos Maçons, utilizando-se dos símbolos, considerando que a Maçonaria, no seus primórdios, era uma categoria de corporação operária consagrada à construção de edifícios e catedrais.

A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer.  Pode-se dizer que é um caminho sem fim.  Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos.  Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e, os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada.  A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica.  É o início da sua jornada Maçônica.

O nutrimento elementar para a viagem é conhecido do Maçom desde a primeira instrução recebida:  A régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel.  Com o progresso, o Maçom vai recebendo outros objetos, tais como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o malhete e outros.  Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos.  Todos os símbolos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais.  E é com o manuseio dessas ferramentas que se começa a tomar consciência do valor iniciático da Maçonaria.  O espírito Maçônico ensina, aos seus adeptos, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens.  Se isso não for absorvido, não será um bom Maçom.

O Maçom recebe, juntamente com os apetrechos, os ensinamentos necessários para começar a burilar a pedra bruta, cujo trabalho, entretanto, não termina ao torná-la cúbica:  falta, ainda, a construção do Templo, que só será possível graças ao manejo dos instrumentos de trabalho e o cumprimento dos ensinamentos recebidos, adicionados à virtude, sabedoria, força, prudência, glória e beleza. Os elementos morais que devem ser o ornamento dos Maçons em sua viagem, cujo rumo não é ao desconhecido.  Entenda-se, pois, que a caminhada não se restringe, apenas em portar as ferramentas, mas, principalmente, em aprender a preparar o cimento místico para trabalhar no plano superior.

O cimento místico é a argamassa, que bem misturada, fará com que os Mestres não percam o amor pela escola, deixando de ensinar; evitará a avidez pelo poder de mando, tão comum entre os homens; propiciará que o Aprendiz se torne um perfeito Mestre, para cumprir com o seu dever de Maçom, se a argamassa não deteriorar....

A Iniciação Maçônica se completa quando o Maçom galgou, sucessivamente, os degraus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.  Durante as passagens desses graus a formação do Maçom irá tornando-o hábil, com a trolha, para amassar com coragem e perseverança o cimento místico que servirá para a edificação do Templo do Grande Arquiteto do Universo.  É quando estará apto para voltar ao mundo profano, esclarecido pelos deveres de Maçom, e pregar para o bem da Humanidade.  Estará consciente de que a Maçonaria é a única instituição competente para levar o Homem ao domínio da paz, da ordem e da felicidade.  Ele aprendeu que no seio da Sublime Ordem não existem desejos nem interesse pessoais a satisfazer, e que a ambição se delimita às necessidades da Fraternidade.  Que a vaidade não pode regurgitar e que a lei fundamental, como regra absoluta, é a extinção dos maus desejos que afligem a Humanidade.  Enfim, que a Maçonaria é a associação mais propícia à obtenção do aperfeiçoamento social e moral do Homem.

Só o verdadeiro Maçom poderá sentir e compreender que o Templo do Grande Arquiteto do Universo é o interior de cada um de nós, o Templo humano.  O Templo espiritual, que é edificado no coração e mente do Maçom para recolhimento do Bem, do Amor Fraternal, da Beneficência e da Concórdia.




Bibliografia:

  Boucher, Jules – A Simbólica Maçônica
    Jacq, Christian – A Franco-Maçonaria – História e Iniciação
      Santos, Sebastião Dodel – Dicionário Ilustrado de Maçonaria
        Tourret, Fernand – Chaves da Franco-Maçonaria

          Manual de Aprendiz Maçom - GLESP

(IN) TOLERÂNCIA



 
Autor: E. Figueiredo
 
 
“A tolerância é a melhor das religiões !”
                     Victor Hugo (1802 – 1885)
 
TOLERÂNCIA, do latim tolerare (sustentar, suportar), é um termo que enuncia o grau de aceitação ante um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física.  Pela ótica da sociedade, a tolerância é a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que tem uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio convívio.
 
Na Maçonaria a tolerância é tida como uma virtude.  A Sublime Ordem prega que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio fundamental nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um, não somente entre os Irmãos, mas em toda sua convivência.  Como toda virtude, a tolerância consiste essencialmente em um comportamento prático, numa regra de conduta com relação aos outros.  E um dos deveres do Maçom é a tolerância, que deixa a cada um o direito de escolher e seguir sua religião, sua opção política e suas opiniões.
 
Ao ser iniciado, o Maçom recebe um exemplar do Ritual do Simbolismo Aprendiz Maçom.  A primeira coisa que ele encontra, ao abri-lo, são os dez Princípios Fundamentais.  O nono fundamento reza: “Exigir tolerância para com todas e qualquer forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social.
 
Em seu livro TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, François Marie Arouet, o Voltaire (1694-1778) faz uma reflexão a partir do julgamento de um comerciante da cidade de Toulouse, acusado por um suposto homicídio.  Em virtude de se basear em um caso de intolerância religiosa flagrante, as palavras de Voltaire acerca dessa questão, se tornaram paradigmáticas para qualquer outra reflexão posterior sobre tolerância, intolerância, liberdade de expressão, de consciência e na crença e fanatismo religioso.
 
O caso aconteceu numa época em que os católicos ainda eram maioria, tanto numérica quanto culturalmente, na Europa, com uma família que se viu envolvida numa situação delicada.  Jean Calas, o chefe da família e que era calvinista, foi acusado pela morte por enforcamento do seu único filho católico.  Com essa acusação, de ter matado seu filho Marc-Antoine Calas, que havia se convertido ao catolicismo, Jean Calas de vê na iminência de ser julgado por um tribunal criminal.  A notícia se espalhou pela região inflamando um sentimento de ódio entre os católicos de Toulouse que passaram a pressionar cada vez mais o Estado para que o acusado fosse julgado o mais rápido possível pedindo a condenação imediata.
 
Com o ânimo da pressão aflorado, ninguém mais questionava a real autoria do réu que passou a ser tratado como homicida do filho, sumariamente.  A comunidade protestante ficou na mira da população católica cada vez mais indignada, irredutível e furiosa,
 
Nas investigações as evidências apontavam que Marc-Antoine Calas, havia cometido suicídio, enforcando-se.  Apesar das evidências, Jean Calas é julgado responsável pelo homicídio e sua condenação saiu no dia 9 de Março de 1762, com a pena de ter os ossos quebrados, depois estrangulado e atirado numa fogueira.  Era a punição para quem ousasse atentar contra um católico em Toulouse.
 
Assim, no dia seguinte, Jean Calas foi executado, publicamente, em um ritual macabro que certificava a intolerância, o ódio e a insanidade de uma religião hegemônica, atestando a falta do bom senso, da lucidez e da tolerância, propriamente dita, de cujo processo Voltaire escreveria a obra TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, com aprofundadas reflexões.
 
No início do seu livro, Voltaire faz questão de lembrar que na Europa por muito tempo o abuso da religião e o dogmatismo exacerbado já haviam ceifado muitas vidas.  Na sua argumentação ele expressava, “O furor que inspiram o espírito dogmático e o abuso da religião cristã mal compreendida derramou sangue, produziu desastres em vários lugares”.  Ele falava, ainda, de uma forma que ficava difícil acreditar numa convivência pacífica das religiões, já que o catolicismo continuava reivindicando uma hegemonia, entrando em choque com a religião protestante que estava em ascensão. A intenção de Voltaire era, com todo otimismo, expressar uma realidade ideal.  Apresentar uma realidade possível de convivência entre diferentes religiões, já que cada uma teria muito a contribuir com a Humanidade.  A obra tem apenas uma pequena parte argumentativa, o essencial reside em mostrar por meio de exemplos os estragos do fanatismo, particularmente o religioso, durante o curso da história.  Embora tenha se inspirado em John Locke (1632-1704), que desenvolveu como ideia principal “a distinção entre a comunidade política e a sociedade religiosa, a distinção e a separação radical entre funções da Igreja e as do Estado”, Voltaire não tinha por objetivo essa separação, mas a subordinação da Igreja ao Estado, pois enxergava nisso um meio eficaz de se garantir a tolerância propriamente dita.
 
Dentre os trechos mais comoventes da sua obra, destaca-se a impressionante “Prece a Deus”, com a  qual Voltaire conclui seu tratado, que num dos trechos diz:  Já não é aos homens que me dirijo, é a Ti, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos.  Se a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do universo, for permitido ousar pedir algo a Ti, Ti que tudo concedeu, Ti cujos decretos são tanto imutáveis quanto eternos, digne-se olhar com piedade aos erros ligados à nossa natureza; que tais erros não se transformem em calamidades !”.
 
Entretanto, as religiões sempre foram intolerantes umas com as outras, pois todas se consideram detentoras exclusivas da verdade.  Proteger a integridade do dogma é para qualquer religião uma questão vital.  Compreende-se, pois, que a intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões.  Num sentido político e social, intolerância é a ausência de disposição para aceitar pessoas com pontos-de-vista diferentes.  No âmbito religioso, com relação a outros credos, por serem monoteístas, as religiões cristãs têm dificuldade em tolerar a possibilidade de existência de outros deuses.
 
Algumas citações:  Tolerância não significa aceitar o que se tolera. - Mahatma Gandhi(1869-1948);  Há um limite em que a tolerância deixa de ser virtude. -  Edmund Burke(1729-1797);  Sempre que se produz legislação baseada na religião, abre-se caminho a todo tipo de intolerância e perseguições. - William Butler Yeats(1865-1939); São pouquíssimo os homens capazes de tolerar, nos outros, os defeitos que eles próprios possuem. Arturo Graf(1848 – 1913);  A responsabilidade da tolerância está com os que têm a visão mais ampla. - George Eliot(1819-1880). - O sucesso reside em três coisas: decisão, justiça e tolerância. - Johann Wolfgang von Goethe(1749-1832);  Na prática da tolerância, um teu inimigo é o melhor professor. - Dalai Lama XIV(1935- );  Com a sabedoria aprendemos a ser tolerantes.  Henry David Thoreau(1817-1862).
 
Apesar de Voltaire ter escrito em 1763, o TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA revela-se hoje, mais de 250 anos depois, uma reflexão atualíssima sobre o comportamento do Homem, a religião de cada um, o sistema judiciário, a responsabilidade dos juízes e os efeitos perversos que as leis podem ter.
 
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Bibliografia:

   Aslan, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia

      Bruno, Alci – Aconteceu na Maçonaria

         Locke, John – Carta sobre a Tolerância

            Mellor, Alec - Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons

               Voltaire – Tratado Sobre a Tolerância